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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

É FINO!

Quando cheguei ao Amici's [bar, restaurante, pizzaria localizado próximo ao Dragão do Mar, em Fortaleza] eram, mais ou menos, 18h. Passei por entre as mesas e numa delas estavam dois moços e percebi que os rostos eram familiares, mas não reconheci. Eles tomavam cerveja. Entrei no recinto, aonde a banda Fino Coletivo passava o som, que logo mais, na noite do dia 2 de setembro de 2011, iria se apresentar através do projeto Farra na Casa Alheia. Lá encontrei os produtores da festa, que me apresentou o produtor da banda, que me apresentou os dois moços de rosto familiar que bebiam cerveja do lado de fora da casa. Eram os vocalistas Alvinho Lancellotti e Adriano Siri.

Sentei a mesa, liguei meu gravador e...

Sobre o trabalho mais recente, o Copabana.

Alvinho Lancellotti: Esse segundo CD [Copacabana (2010)] a gente tentou fazer com que seguisse o mesmo formato do primeiro [Fino Coletivo (2007)]. Que no primeiro a gente estava se conhecendo. Pessoal de Maceió - o Siri e o Cabral - foram morar no Rio junto com o Wado e a gente se juntou pra fazer um projeto que não sabíamos muito bem o que ia ser. E foi bem despretensioso, que a gente chegou num resultado por um acaso e a gente gostou bastante. Foi o primeiro disco que fez a gente virar banda.

No segundo a gente tentou manter a mesma proposta de tentar buscar os mesmos resultados, de tentar transformar as canções. Mas, fundamentalmente, o que mudou? Foi uma evolução técnica de gravação de estúdio. Porque o Daniel, o baixista, é engenheiro de som e ele que gravou os dois discos. Então, ele gravou o primeiro disco em um estúdio que ele estava começando e o estúdio também era um pouco precário de recurso e, já no segundo disco, nesse intervalo de tempo, ele evoluiu bastante na gravação e mudou pra um estúdio melhor. Então, quem ouve esse disco já sente uma qualidade técnica: o som chega mais limpo, mais alto, tudo mais afinado.

O Fino recebeu o Prêmio de "Melhor Grupo" pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte), em 2007. Agora concorrem ao Prêmio Multishow na categoria “Experimente”. Um é de críticos e o outro voto de público. Isso tem um peso diferente pra vocês, já que um é de crítico e outro de público? 

Alvinho Lancellotti: Tem! O APCA foi o prêmio mais importante que a gente recebeu e foi logo no início. O Multishow é legal! Como visibilidade acaba sendo uma coisa maior. Isso é importante pra quem quer viver de música, não dá pra você fugir disso. Você tem que aparecer, e aparecer é bom para as pessoas poderem escutar o seu som. Mas como credibilidade, sem dúvida, o APCA é muito mais importante, digamos assim. Se bem que eu ouvi dizer que, dentro da nossa categoria no Multishow, o voto é popular, mas no final parece que vai ter um júri. É importante pra gente.

E como é o impacto pra banda ao receber um prêmio e uma indicação? 

Alvinho Lancellotti: Na verdade a gente tá começando a colher os frutos desse segundo disco agora. Porque o primeiro disco a gente ganhou o APCA, mas a gente ganhou também o prêmio da Petrobrás, “Revelação”; o Prêmio do Jornal O Globo, no Rio, que é o jornal mais importante do Rio de Janeiro. 

Adriano Siri: ...Melhores do Ano...

Alvinho Lancellotti: No mesmo dia que a gente recebeu a notícia do APCA, a gente tava indo fazer um show porque tinha ganho no SESC Pompéia o “Show do ano”. Então o primeiro CD trouxe um monte de prêmio. Esse segundo a gente tá começando a colher esses frutos agora. Então o Multishow é o primeiro e ainda estamos concorrendo.

Fala da relação da banda com o nordeste.

Alvinho Lancellotti: Costuma ser os lugares mais legais, mais fortes da banda. Recife, Fortaleza, Maceió... Sempre cheio e a galera cantando as músicas do primeiro e do segundo disco. Tirando o Rio, que a gente tá sempre, o nordeste é o mais forte.

Vocês acham que é necessário a obrigatoriedade do registro de músico na OMB (Organização dos Músicos do Brasil)?

Alvinho Lancellotti: Eu não acho que a gente precise disso, não. A gente vai entrar em um monte de questões de práticas e um órgão que não funciona, que já é uma história velha. A gente trabalha com música de uma maneira tão natural, espontânea e intuitiva que as vezes eu até nem me reconheço como músico. Comecei a compor com 23 anos - uso o violão pra compor. Essa coisa de Ordem dos Músicos... particularmente nem me sinto muito dentro disso. Eu me considero compositor e não músico.

Adriano Siri: Eu tenho a minha primeira OMB desde os 16 anos, que foi quando eu comecei a tocar na night.

Alvinho Lancellotti: É uma coisa muito estranha porque começa pela forma como você é aceito dentro da associação. Você chega lá e tipo: "Você é o quê, pandeirista?". Aí você pega o pandeiro e dá duas porradas e eles te dão a carteira mediante o pagamento da mensalidade, depois você nunca mais tem contato com eles e não sabe nem pra quê que serve essa carteira. Pra mim é indiferente. Eu me considero fora dessa associação mesmo tendo a carteira.

O Siri concordou. Tomamos uma cerveja e fui embora para voltar mais tarde e assistir ao show do Fino.  Além dos vocalistas, a formação traz Alvinho Cabral (violão, guitarra, percussão e voz), Daniel Medeiros (baixo e voz), Rodrigo Scofield (bateria) e Donatinho (teclados). Este último não pôde vir. Tocou no seu lugar o Ivo. "Não lembro o sobrenome dele", disse Siri.

A banda formada por cariocas e alagoanos apresentou canções do trabalho mais recente, Copacabana (2010), e músicas do primeiro álbum, Fino Coletivo (2007).


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