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sábado, 20 de agosto de 2011

COM FOCO EM PRODUZIR MÚSICA NOVA, O JASON ESTÁ DE VOLTA

Aventuras, lançamentos, ideias e ralação, muita, muita ralação resumem os 14 anos da trajetória musical da banda Jason. O resultado são 4 álbuns, inúmeras coletâneas, 3 turnês na Europa e centenas de shows por todo o Brasil. Vale lembrar do livro Jason - 2001, Uma Odisséia na Europa escrito pelo jornalista e, agora, ex-guitarrista da banda Leonardo Panço. A obra pode ser considerada um diário com informações sobre a tour que o grupo realizou pelo velho mundo.

Após um tempo sem perspectiva de retorno, no início de 2010, o Jason volta com De Souza (bateria), que está na banda desde 2002; e mais dois integrantes da formação original: Vital (vocal) e FF (baixo). "Fizemos alguns shows no RJ e em SP, e quando chegou o momento de escolher continuar fazendo shows, ou entrar em processo criativo, o Panço [guitarra] decidiu se aposentar, e nós optamos por continuar os três", conta o baterista.

A banda carioca tem uma relação especial com o nordeste brasileiro."É fato que o Nordeste sempre recebeu o Jason mais efusivamente do que outras regiões", observa FF. Segundo Vital, eles são pioneiros em tours por aqui. "Depois da gente muitas outras bandas começaram a 'subir'", conta o vocalista.

O Jason lançou recentemente o single virtual chamado A incrível arte de errar em tudo. O trabalho mostra que o hardcore e a letra ácida continuam. Quer saber mais? "O lance é ficar de olho em nossos canais - Facebook e Twitter (@jasonoficial). Se pintar novidade, chega lá primeiro", destaca De Souza.

Antes disso, dá também uma conferida na entrevista concedida pelo grupo via e-mail.




Sobre a relação da banda com o nordeste.

FF: Houve turnês com certa regularidade durante toda a carreira da banda, inclusive com formações repletas de músicos substitutos. Apesar disso, é fato que o Nordeste sempre recebeu o Jason mais efusivamente do que outras regiões.

Vital: Eu fui às três primeiras turnês da banda no Nordeste: 1998, 1999 e 2000. Fomos bem pioneiros nesse lance de tour por aí! Depois da gente muitas outras bandas começaram a "subir". A gente criou uma relação muito legal entre a banda e o público nordestino. A galera pergunta quando vai ser a próxima viagem pro nordeste quase que diariamente, isso é gratificante.
"Fazer turnê, dentro ou fora do Brasil, é mesmo difícil como parece" (De Souza)
Sobre a turnê europeia que rendeu o livro Jason - 2001, Uma Odisséia na Europa. Pretendem fazer outra turnê do tipo? Em outro continente ou no mesmo?

De Souza: O livro fala da banda e da turnê de 2001, mas é um lançamento do Panço, ex-guitarrista...

FF: Exato, o livro não é um lançamento da banda, feito coletivamente como um disco, por exemplo. Foi feito pelo Panço e contém a visão dele sobre os acontecimentos. Foi legal ele ter escrito, muita gente falou que se estimulou a fazer turnês após a leitura.

De Souza: Depois disso rolaram outras duas turnês europeias. Em algum momento da existência, já estivemos prestes a fazer Argentina, Uruguai e Chile, e emendar sul e sudeste. Mas no final acabou não rolando. Fazer turnê, dentro ou fora do Brasil, é mesmo difícil como parece, porque além de todos os detalhes burocráticos, envolve uma certa conjunção de fatores dando certo pra coisa fluir. Nos dias de hoje, por exemplo, se um dos integrantes não pode fazer, a banda não procura um substituto que possa ir. Não fazemos e ponto. Vontade de voltar, claro que temos. Mas nosso foco no momento tá muito mais em produzir música nova, do que sair por aí fazendo show adoidado como era antes.
"Não tô nem aí pra esse lance de gravadora, sucesso... agora ficou até mais legal" (Vital)
Quais os principais desafios da cena independente que vocês enfrentaram e continuam enfrentando, e como costumam lidar com as situações?

FF: Algo melhorou na última década. Hoje já podemos ter instrumentos melhores, tocar em um equipamento que não atrapalhe muito e não gastar dinheiro pra tocar. Mas, pelo menos no Rio, vejo que a quantidade de pessoas nos shows reduziu consideravelmente. E o problema é que pouco público gera pouca renda, dificultando que uma banda "média" alcance a independência financeira. Acho bonito ver que já há (poucas) bandas do underground brasileiro vivendo da própria música, mas a maneira que lidamos com isso é ganhando dinheiro com outras atividades.

Vital: É bem diferente ter banda nessa minha idade avançada rs, você corta um monte de bobagem e se preocupa com a única coisa que importa mesmo, que é fazer boa música e, depois, mostrar isso pra galera. O resto é meio que secundário! Não tô nem aí pra esse lance de gravadora, sucesso... agora ficou até mais legal.
"Como o artista vai ser pago com essa nova realidade é algo que precisa entrar em debate, fato, e o ECAD não deve ter poder pra se meter nisso" (FF)
Qual a postura da banda em relação as últimas decisões tomadas pelo Ministério da Cultura referentes ao direito autoral?

FF: Acho preocupante haver no MinC uma intenção velada de tornar a discussão nebulosa, misturando download de músicas com pirataria e direitos autorais. É óbvio que ninguém vai deixar de baixar música. Meu sobrinho de 10 anos deve ter só uns 5 CDs e milhares de MP3 no computador. Meu sobrinho pratica pirataria? NÃO. Como o artista vai ser pago com essa nova realidade é algo que precisa entrar em debate, fato, e o ECAD não deve ter poder pra se meter nisso.

Como foi o retorno da formação clássica (Vital nos vocais, FF no baixo e De Souza na bateria)?

De Souza: Embora isso não se reflita nos discos, que foram mais ou menos gravados pela mesma base de músicos, o Jason sempre teve uma certa rotatividade de integrantes. Além dos fundadores da banda, tem os que entraram depois e fizeram coisas relevantes, e também os que apenas participaram de shows em turnês substituindo outros membros. A gente chama esta formação que você citou de "clássica", porque nela tem dois da formação original, e eu, que entrei em 2002. Mas não tem ninguém atualmente no Jason que nunca tenha saído da banda em algum momento.

Retomamos no início de 2010. Antes disso a banda estava parada, sem baixista, sem cantor, e sem perspectivas de voltar. Quando o Vital e o Flock [FF] voltaram, a banda voltou a existir, e a partir daí começamos a planejar coisas. Fizemos alguns shows aqui no RJ e em SP, e quando chegou o momento de escolher continuar fazendo shows, ou entrar em processo criativo, o Panço decidiu se aposentar, e nós optamos por continuar os três.

Vocês estão preparando algum projeto novo, tem previsão de lançamento?

De Souza: Gravamos um single virtual chamado A incrível arte de errar em tudo. A gravação aconteceu no estúdio Superfuzz, aqui no Rio, e a produção ficou a cargo do Gabriel "Bil" (Zander). No nosso canal do youtube, já tem uma prévia disso. O lance é ficar de olho em nossos canais - Facebook e Twitter. Se pintar novidade, chega lá primeiro.

Abaixo segue o making off da gravação da A incrível arte de errar em tudo:



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