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quinta-feira, 28 de abril de 2011

UNI VERSO DE OSCAR

Acostumado a viajar através do som improvisado de sua guitarra em projetos coletivos e instrumentais o guitarrista, cantor e compositor Oscar lançou em 2010 o EP Uni Verso, trabalho que marca sua fase como artista solo. Ou seria “Uni”?

O “Verso” se mostra em forma de canção. Nesse caso, as letras unidas às melodias trazem a essência das experiências vivenciadas pelo músico cearense que também já passou pela cena underground de São Paulo e Brasília.

Oscar apresenta um trabalho independente, de qualidade, com referências - ao estilo brasileiro - do jazz, do samba e do rock’n roll. No mesmo ano em que lançava e distribuía nacionalmente seu primeiro projeto solo, unia-se a Rede Ceará de Música (RedeCem), coletivo integrado ao Circuito Fora do Eixo. Lá é o atual responsável pela Frente de Distribuição.

Neste ano o artista prepara turnê em sete cidades do Nordeste e São Paulo, além disso, está empenhado na produção do primeiro álbum intitulado Revolução. “Pra mim é um retorno à simplicidade e linguagem mais direta do Rock” conta.

O EP Uni Verso foi selecionado pela curadoria do Centro Cultural Dragão do Mar para duas apresentações no projeto Sons do Ceará, fui para a primeira delas juntamente com a 1Bando (Frente de Audiovisual Redecem) para conhecer melhor esse trabalho. A entrevista aconteceu um pouco antes de ele subir ao palco.

ENTREVISTA

.Sobre o EP Uni Verso.

Oscar: O EP Uni Verso tem uma linguagem de canção, mas tem muito da minha experiência anterior de rock instrumental e de fusão. Eu tinha uma banda instrumental aqui no Ceará que era a SomFusão e os músicos da banda gravaram esse CD [Uni Verso] comigo. Então ele ainda tem muito da improvisação; a base é um quarteto com um piano fender rhodes, guitarra, baixo e bateria e é um EP com cinco faixas que foram praticamente gravadas - quatro faixas gravadas em dois dias, numa sessão praticamente ao vivo, muito pouco overdub e uma faixa que foi gravada posteriormente com outros músicos que estão me acompanhando, que é o Ivan Timbó e o Romualdo. Essa outra faixa [Praia do Futuro] já começa a ter outra característica que eu quero imprimir mais para o meu trabalho, que é mais focada na linguagem do rock, com faixas menores e que dizem a mensagem mais diretamente.

.Sobre a experiência na cena musical de SP e Brasília.

Oscar: A música autoral tem um espaço próprio em qualquer lugar, não tem grandes diferenças. Centros maiores como São Paulo você vai ter públicos maiores para diversos estilos, então acaba que lá, em São Paulo, talvez você tenha um público maior, ou em Brasília, um público interessado em ouvir coisa nova. Aqui em Fortaleza já é um público mais reduzido, um público que já está mais acostumado com cover, mas acho que nem por isso a gente deve se desestimular. A gente como músico do Ceará acho que é importante fazer nossos trabalhos e também apoiar o crescimento da nossa cena que tem muitos músicos bons, com trabalhos autorais bons.

.Sobre o trabalho realizado com a REDECEM (Rede Ceará de Música).

Oscar: A Rede Ceará de Música eu venho participando desde setembro de 2010, atuando na frente de música, mais diretamente na frente de distribuição de produtos culturais independentes, principalmente o CD, mas tem também a parte de camisetas, artesanato... Agora, a questão dos CD’s é muito importante. Isso vem sendo estimulado desde o Circuito Fora do Eixo que vem se estruturando com a casa [FDE] em São Paulo pra estimular as distribuições em pacotes. Como isso vem sendo feito também entre os coletivos de cada estado, a gente manda produtos pra Recife, João Pessoa... Então é uma forma de estar fazendo essa produção ser conhecida. Tem também o projeto Compacto.REC que é um lançamento virtual mensal que a curadoria é feita por esses coletivos. Acho que essa é uma iniciativa inédita que tem muito potencial pra fortalecer o mercado da música autoral independente.

.Turnê com o EP Uni Verso.

Oscar: Isso ainda está em trabalho. A minha ideia é realizar uma circulação no nordeste, uma pequena circulação em sete cidades que eu tô querendo realizar em Julho com o apoio dos coletivos do Circuito Fora do Eixo, e uma circulação no Sudeste em setembro. 

Estou trabalhando também na produção de um CD com 12 faixas inéditas que é o “Revolução”. Pretendo entrar em estúdio em junho - em julho já está marcado o pré-lançamento no SESC SENAC Iracema -, e eu gostaria de estar lançando em setembro e fazendo a circulação para o sudeste, não digo nacional, mas circulando pelo menos em São Paulo e no interior de São Paulo.

.E o que o “Revolução” traz de diferente do Uni Verso?

Oscar: Acho que ele traz essa pegada... é meio que, pra mim, um retorno à minha raiz que é o rock. Minha experiência toda como guitarrista foi em bandas de garagem, bandas de rock. Num determinado momento eu me aproximei mais da linguagem do jazz, principalmente com a SomFusão; e mais da linguagem da música brasileira, do samba jazz e pra mim agora é um retorno à simplicidade e a linguagem mais direta do rock.

.Qual sua postura em relação a reforma da lei do direito autoral?

Oscar: Na realidade eu preciso fazer meu dever de casa, preciso estudar. Pra mim ainda não é muito claro toda essa discussão que vem acontecendo. Eu sei que a gente tem uma estrutura, um modelo que é baseado no modelo europeu que, por um movimento da sociedade civil, se constituiu o ECAD [Escritório Central de Arrecadação e Distribuição], na década de 70 e, o ECAD é o que nós temos como estrutura de distribuição e pagamento de direitos autorais. Sei que existem problemas nessa distribuição que privilegia os grandes autores e penaliza os pequenos e principalmente a música independente. Acho que precisa haver uma reformulação nesse sentido e outro campo, que é a grande questão, é como trabalhar os direitos autorais na internet e aí você tem essas outras plataformas que vem surgindo como o creative commons que possibilitaria ao criador ter maior flexibilidade naquilo que ele quer liberar e naquilo que não quer liberar. Mas pra ti ser sincero ainda não tenho uma posição fechada sobre se o creative commons é melhor, se outra plataforma é melhor, se o ECAD deve acabar ou não. Acho que a gente precisa ter uma estrutura de pagamento e de distribuição dos direitos autorais que não penalize, que seja mais equânime, que distribua bem aquele cara que teve a música dele tocada em pequenos circuitos e aquele grande que toca em circuito nacional. Acho que é por aí.

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