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sábado, 19 de março de 2011

MOBÍLIA EM QUATRO ESTAÇÕES

Eles tocam pop e tocam rock, mas, definitivamente, não formam uma banda de pop rock, como informava um segurança de uma boate famosa em Fortaleza. Reúnem referências de um "passado sonoro" dando um toque contemporâneo. As músicas representam, como descrito pelos próprios, "retratos sonoros de uma época que sempre volta em busca de renovação, de novos ares, novas visões, diferentes realidades". Essa é a MOBÍLIA, banda autoral cearense que surgiu em 2006 com canções prontas. Composições de Cláudio Mendes (voz, guitarra, violão e teclado) que, na época, tocava em bandas onde suas músicas não se encaixavam. Até conhecer Marcio Holanda (parceiro em algumas composições) e Lucas Ribeiro (baixo), e montar o projeto. "O Daniel [Alencar] (bateria e percussão) veio um pouco depois, mas foi a partir da entrada dele que a gente realmente deu o ponta pé inical, entrou no estúdio e gravou as duas primeiras canções" conta o vocalista.

A banda teve sua estreia no palco do II Prêmio UECE de Música, onde ficaram em 2° lugar com a canção Romance de Entrega, "Foi um impulso legal para o começo", diz Claudio. De lá pra cá gravaram dois álbuns: o primeiro intitulado "A Primavera Chegou" (2007) e o segundo "Até O Inverno Passar" (2008). Atualmente estão produzindo o terceiro (Só pra ver o outono) e o quarto (No fim do verão) para lançar os dois de uma só vez. Isso mesmo! Os quatro CD's irão formar um box baseado nas estações do ano.

O que se vê são quatro elementos que se complementam: Paixão, Equilíbrio, Graça e Cumplicidade. O primeiro vem do idealizador desse projeto, é contagiante ver e ouvir não só a performance no palco, mas o brilho nos olhos de Claudio Mendes ao falar do "filhote". A calma de Daniel, o baterista, serve para trazer o equilíbrio diante da energia dos demais. "O Lucas é o humorista da banda", palavras dos próprios integrantes e, realmente, o cara leva as coisas com bom humor; quando toca, dança de um jeito peculiar, cheio de gingados. A cumplicidade dos três se estende às parcerias de Marcio Holanda, considerado integrante honorário por sua colaboração em várias composições, além de tocar guitarra em algumas apresentações; e de Marcus Vinnie, músico renomado da cidade, que, em alguns shows, traz o seu talento no teclado.

Entrevistei a Mobília depois da apresentação deles naquela boate famosa que mencionei no ínicio. Ouvi dizer que até o Black Eyed Peas já apareceu por lá. Enfim, fomos para o lado de fora pois, com o barulho e a lotação, ficava difícil conversarmos. A tal boate encontra-se em um dos pontos turísticos da cidade, a Praia de Iracema, mais conhecida como P.I. O cenário já não é dos melhores como já foi um dia. Fomos interrompidos quatro vezes pelos pedintes, entre velhos e crianças. Retratos de uma Fortaleza Bela.

.:Entrevista

.Das composições. O Marcio Holanda é um parceiro ou pode ser considerado mais um membro da Mobília?

Cláudio: Ele começou como integrante. O fato das letras serem na maioria minhas é porque o projeto partiu de mim. Já componho há muito tempo e depois que somei um volume muito grande de composições, chamei o Lucas (Baixista) e mostrei as músicas para o Marcio [Holanda]. "Ei Cara, vamos lá tocar essas músicas? Vê se vocês curtem a ideia." Daí a gente adotou algumas dessas composições e fez outras. O Marcio se mostrou um parceiro de cara. Começamos a fazer a coisa muito rápido. Ele mandava a letra e eu fazia a música na mesma hora. A gente já trabalhava junto com produção de jingle, o lance com publicidade e já tinhamos tocado em outras bandas. Então, antes de tudo, ele é um grande amigo. O Marcio é um integrante interino, ele vai estar sempre com a gente.

.Das melodias. Toda a banda participa do processo de criação?

Lucas: Na maioria das vezes a melodia vem realmente do Claudio, mas a gente muda muita coisa daquilo que ele traz e, também, ele acaba usando muito do que a gente leva.
Eu já tenho música pra Mobília, o Marcio tem parcerias com ele e disso, com o tempo, o trabalho vai mudando.

Cláudio: Também chego com uma música só voz e violão, a ideia totalmente diferente, daí eles botam uma levada que transforma a música em outra coisa. Cada um traz sua influência.

Lucas: A composição é quase da banda toda.

Claudio: A composição é da Mobília, não é de uma pessoa só.

.Dos prêmios. O que representou pra Mobília o reconhecimento da crítica especializada?

Claudio: O primeiro prêmio [II Prêmio UECE de Música], foi o primeiro show da banda. Eu tinha uma música gravada em casa, se chama "Romance de entrega" - tá no nosso primeiro EP. Eu escrevi a música, fiz uma gravação caseira mesmo e passei. Eu tinha que me apresentar e a gente já estava conversando sobre o projeto da banda, aí chamei "Ei cara, vamos defender essa música comigo lá?" Os meninos toparam e a gente foi. A música [Romance de entrega] foi premiada com o 2º lugar e aí o projeto deslanchou.
Essa música é muito especial pra mim porque foi a primeira que a gente tocou, gravou e já saiu premiada. Foi um impulso legal para o começo.
A outra canção é "Falsa memória", que a gente já tinha gravado e inscreveu ela para o Festival Cariri da Canção, em 2009 e fui defender a música - infelizmente tive que ir só, os meninos estavam ocupados. Toquei com uma banda de lá, mas consegui que a música fosse premiada com o 1º lugar. Então, isso foi também outra coisa sensacional pra gente. Conseguimos dar muito foco pra essa música e é a que responde muito bem, nos shows a galera canta junto. Provavelmente é um dos nossos singles e que vai ter algum clipe.

.Da crítica. É melhor receber um prêmio que foi analisado por crítica especializada ou voto do público?

Daniel: Os dois prêmios são em casa, prêmios aqui, do Ceará. Um da UECE e outro do Cariri. Isso é importante pra gente fincar raiz aqui no nosso próprio terrítório.

Lucas: Sem falar que são prêmios mais sinceros. O júri tá lá na frente, eles olham a execução da música, avaliam e te dão a nota. Não existe nenhum tipo de mídia por tras disso.

Cláudio: Esse tipo de festival [de voto público], normalmente, não avalia a canção, a composição, a letra, a melodia... Pra gente isso é muito importante porque é o que está a frente de tudo. A gente pensa na música, na letra, em como os arranjos entram em sincronia com o que está sendo dito na letra.

Lucas: Nossas duas músicas foram premiações ao vivo, isso é importante dizer. Elas foram executadas ao vivo e, avaliadas e premiadas por essa execução.

.Reconhecimento do público. Vocês já conquistaram um público próprio e isso tende a crescer, nos shows a galera canta as músicas. Como é isso pra Mobília?

Claudio: O nosso público não se manisfesta como fãs do Restart. A galera não faz muito alarde, eles ficam no seu cantinho, escutando a música; vez ou outra põe um comentário discreto. A gente, às vezes, não tem noção de como tá a repercussão disso, mas quando vamos fazer um show e vemos as pessoas cantando, gente que nunca vimos - realmente tem amigos, tem namoradas que a gente sabe que conhece, mas tem gente que vem falar e que nem sabíamos da existência. Isso é muito bom! Uma importância incrível!

Lucas: É importante falar que o reconhecimento do público é, mais do que nunca, parte do trabalho do músico. A história da gravação, disco, viabilização em rádio... isso está cada vez mais difícil, então quanto mais você trabalha, mais é reconhecido. A gente tenta fazer isso: o show para o público que já conhece e pra alguém conhecer também.

.Da divulgação. A Mobília utiliza muito a internet como meio de divulgação, já transmitiram show via twitter, etc. Qual a importância da internet para os músicos dessa geração?

Lucas: A nossa geração não vem trabalhar sem esses meios de comunicação. Aí é nadar contra a maré. Não dá. Você tem que usar essa ferramenta.

Claudio: Como o Lucas falou essa geração já nasce no meio disso e rede social é como uma coisa básica de sobrevivência desse meio, né? E a gente tem que se enquadrar porque senão fica fora. Então assim, não digo que é uma prioridade da gente, mas temos que nos enquadrar de alguma forma.

Lucas: Quando você gostava de uma música há vinte anos, você buscava um vinil pra gravar numa fita e ouvir em casa. Hoje se alguém escutar nossa música no show, amanhã vai procurar na internet. Então, é interessante que a música esteja lá. Pra gente e pra eles.

Claudio: Na verdade nossa principal preocupação era a produção da canção, na composição da música, nos arranjos e tudo. Esse trabalho de divulgação, provavelmente, vai ficar mais na mão de um produtor que inclusive estamos procurando (risos). A gente realmente se preocupa mais com a produção musical, o resto acaba ficando em segundo plano, mas a gente tá tentando. É que às vezes fica difícil se dividir em músico e produtor, mas a gente tá tentando dar um jeito.

.Da coletânea internacional Rock 4 Life. Em 2009, a banda foi convidada pela empresa Americana Quickstar Productions para participar de coletânea internacional com bandas de outros 10 países. Como foi esse convite e qual música vocês tocaram?

Claudio: Foi, novamente, "Romance de entrega". Acho que é o nosso xodó (risos). Ela está no nosso myspace e lá, você não tem como mensurar quem vai ouvir. Então chegou um e-mail pra gente, através do myspace, dessa empresa americana perguntando se a gente queria pôr a música nessa coletânea - que é internacional, tem bandas de mais de 10 países de todo o mundo, é anual e os fins lucrativos são voltados para projetos sociais. É bacana. A gente aceitou porque pensamos muito de não ficarmos só no Brasil, inclusive temos músicas em inglês e espanhol. Não queremos nos limitar, queremos alçar voos mais longos, mais altos.

.Dos lançamentos.

Claudio: Nosso primeiro CD se chama "A Primavera Chegou" (2007) e o segundo "Até O Inverno Passar" (2008). Foi uma coisa meio casual e as pessoas começaram a perguntar "Vocês fizeram primavera e inverno. E agora? Vão fazer outono e verão?" E a gente começou a pensar e... É, agora vamos! E colocamos na cabeça de fazer esse box com quatro EP's, falando das quatro estações. E as músicas tem a ver, as cores da capa, tudo está envolvido nisso. Então, é um projeto que a gente já está em estúdio produzindo e daqui uns dois meses já vai estar disponível pra galera.
Quatro EP's, 28 músicas. À próxima estação.

4 comentários:

  1. muito super ótima esta banda.

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  2. Qualidade de letra e som que se vê pouco hoje em dia. A banda é realmente boa, bem trabalhada, e merecia um espaço aqui no blog da Ratis!
    A matéria ficou super bacana, amiga. =)

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  3. Parabéns, MOBILIA!
    Qualidade como essa deveria ser mais divulgada e receber mais apoio em todos os sentido.Faça parte dessa idéia.

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  4. Vamos divulgar o que há de melhor na música
    MOBILIA cada vez melhor,em tudo.Parabéns!!!

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