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sábado, 6 de novembro de 2010

MUNDO POLITIZADO SOCIALISTA SUSTENTÁVEL LIVRE S/A

Admirador de Millôr Fernandes, Kurt Vonnegut, Angeli, Alan Moore, entre outros nomes do desenho e da literatura, o cantor e compositor Fred Zero Quatro veio à Fortaleza com o Mundo Livre S/A comemorar ao lado de chargistas, ilustradores, animadores, designers e simpatizantes da arte o aniversário de um ano do Baião Ilustrado, evento que reúne essa galera em um ambiente regado a música, cerveja ou destilado, se preferir e, claro, desenhos.

“eu me amarro nessa combinação do traço e conceito” (Fred04)

Ainda na adolescência, sem saber qual carreira seguir, o músico e também jornalista e assessor da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Recife “tinha mania de ficar desenhando coisas em casa, nos móveis [...] fazia altas reproduções a mão livre, gostava de pintar aquarela...” conta. “Até hoje não desisti de um dia fazer um curso nessa área de quadrinho porque acho muito bacana.”

Eu fui à passagem de som do show que aconteceu no Amici’s Sport Bar para entrevistar o vocalista e compositor do Mundo Livre S/A, uma das bandas fundadoras, na década de 90, de um dos grandes movimentos da música brasileira, o Manguebeat. Fred Zero Quatro falou sobre sua postura (para alguns polêmica) em relação à internet, liberação de música, a reformulação da lei de direito autoral, liberdade de expressão, novo álbum da banda, o gosto por desenhos e muito mais. Um cara de repostas longas e justificadas (você concordando ou não, ele tem argumento pra tudo).

Marina Ratis - Internet. Pontos positivos e negativos.
Fred Zero Quatro - A internet em si é uma ferramenta. Como qualquer coisa da tecnologia, depende do uso que é feito dela; eu só lamento que muitas pessoas não aceitam questionar qualquer possibilidade de haver algum efeito colateral do uso da internet para determinados fins. É muito irracional até, porque é quase como se fosse um fundamentalismo tecnológico.

Eu sempre costumo lembrar a primeira vez que eu falei por skype com minha família(filhos) quando tava na Europa. A parte de comunicação, burocracia de banco... a internet facilita tanto. É tão quase deslumbrante o quanto que a vida ficou mais fácil que você questionar qualquer aspecto colateral pra alguns fins da internet, parece até uma heresia. Pô! A tecnologia não é deus. Essa coisa da onisciência e da perfeição, só se for algo divino. As pessoas parece que tratam a internet como se fosse... é quase um culto.

Negar que a internet desestruturou várias cadeias profissionais produtivas e que algumas delas estão se readaptando, construindo novos modelos, mas outras ainda não conseguiram e não se sabe se vão conseguir - como é o caso da própria música -, é querer tapar o sal com a peneira. O nosso caso, por exemplo, tem o lado bacana. Quando a gente gravava disco com gravadoras que eram concentradas no eixo Rio-São Paulo; às vezes a gente tocava no nordeste, as pessoas queriam comprar o disco, não tinham acesso porque a distribuição era precária e, hoje em dia as pessoas podem até não estar em um show ou festival e ouvir a banda, entender, se tiver curiosidade de querer conhecer mais, comprar alguma coisa ou ter acesso é mais fácil, lógico; você baixa tudo, acaba conhecendo como foi o primeiro disco, o que a gente tocava no início, tanto é que a gente tem conseguido um público de uma geração nova e isso é bacana. Mas não há como negar que, hoje, pra se conseguir gravar um disco com qualidade profissional é cada vez mais difícil.

Antes, quando a gente anunciava que tava com material pra gravar disco novo, recebia propostas de selos, gravadoras e contratos para escolher e negociar. Estamos gravando esse disco (referindo-se ao próximo trabalho do Mundo Livre s/a) há quase dois anos e não temos a menor ideia quando ou se ele vai sair. Uma coisa é você gravar de forma caseira como milhões de pessoas estão fazendo. Quando você, por exemplo, ouve um podcast de internet, alguém quer selecionar um repertório pra galera botar num blog, as vezes a qualidade de som entre um e outro é gritante porque um foi gravado por um estúdio bacana. Então, assim, uma banda que já tem oito discos gravados e agora 'a gente vai gravar o disco no quarto de casa', é complicado, sabe?

Estamos há quase dois anos, tem vários selos estrangeiros, inclusive, interessados em licenciar pra Argentina, Estados Unidos, Inglaterra, Portugal, mas ninguém quer bancar porque não tem comércio; então a gente tem que inventar alguma forma de financiar o disco.

MR - Sobre a liberação de música. Até que ponto pode ser liberado?
FZQ - Por exemplo, a gente tentou por duas vezes financiar esse disco pelo Funcultura estadual e não foi aprovado porque a filosofia da comissão do Funcultura, é dar chance a quem nunca gravou nada. Tem uma lógica, claro. Mas por outro lado, se você tenta nas leis federais, todos os grandes medalhões da MPB - como as gravadoras não estão investindo dinheiro - estão usando as leis federais. Tudo o que é de mais comercial é produzido pelas leis federais, então o guarda-chuva das leis de incentivo não vai dar pra todo mundo, mas se a gente conseguir chegar a um edital da Petrobrás ou de qualquer estatal, ou alguma entidade pública que seja federal ou estadual para bancar o disco, eu vou ser o primeiro a disponibilizar porque foi o povo que pagou. Lei Rouanet não é Petrobrás que está pagando, na verdade é renúncia fiscal, então, é dinheiro nosso. A questão é sustentabilidade. Se for uma coisa que teve investimento privado - seja meu ou de um parceiro - eu disponibilizo para streaming pra todo mundo que quiser ouvir, mas acho por mera noção de sustentabilidade que seria estupidez disponibilizar de graça. Agora, se for lei de incentivo, aí eu disponibilizo.

MR - E sobre o uso do youtube e myspace pelos músicos?
FZQ - Os músicos e compositores não tem do que se queixar porque antes era muito complicado, por exemplo, emplacar uma música numa programação de rádio; eram pouquíssimos que conseguiam, até por conta da exploração predatória das gravadoras que eu nunca neguei isso. As gravadoras eram concentradoras, excludentes, praticavam uma política de preço absurdo e a coisa do jabá e hoje "nem precisa porque o myspace e youtube substituiu o que era o rádio." Eu acho isso completamente equivocado. A visibilidade que o myspace ou youtube - mesmo quem consegue às vezes milhões de acessos - não se compara com o que era a visibilidade de uma música tocando em rádio. Esse compartilhamento de mp3 - mesmo que sejam milhões de acessos - é uma coisa que não fideliza o público.

Eu não to preocupado com o que vai ser da agenda do Mundo Livre. Graças a Deus a gente tem um público fiel que acompanha, a gente toca o Brasil todo, toca fora... Eu to preocupado é com o futuro da música, com a condição da sustentabilidade pra quem ta começando agora. Eu acho que o problema é que quem está no início de um trabalho, querendo começar uma carreira... É uma idade onde você ainda não tem aquela consciência de que aquilo tem que ser uma carreira. Só o fato de ter: "mil pessoas acessaram minha música" ou ter conseguido fechar uma turnê pelo Brasil - aquela turnê underground, uma coisa de fazer amigos, circular... Mas só que isso é uma idade crucial pra uma pessoa ter que definir o seu futuro. Achar que estar fechando uma turnê pra platéias de cem, duzentas pessoas em festivais underground, garante sua carreira... Isso era o começo de muitas das bandas antigamente e muitas delas conseguiram firmar carreira mesmo tendo um começo desse tipo; só que aquilo ali era um estágio, daquilo passariam as que mais se destacassem à entrar num circuito profissional - circuito pra ter um empresário grande, bancado por uma gravadora grande que ia garantir a gravação dos outros discos. O problema de hoje é que esse estágio vira uma coisa ilusória. As pessoas confundem "Não, mas antigamente a galera fazia fita demo e queriam que o máximo de pessoas ouvissem." Mas aquilo era completamente diferente. A fita demo servia como uma tentativa de que alguém pudesse levar aquilo e pudesse seduzir algum produtor ou diretor artístico, para entrar no circuito profissional. Mas quando você investe pra um trabalho profissional, com masterização, com qualidade profissional e bota no myspace, você pode estar inviabilizando o circuito profissional. Essa é que é a questão.

MR - A lei de direito autoral está passando por reformulações. O que você acrescentaria ou tiraria?
FZQ - Acho preocupante também, não só eu. Cheguei a ler a proposta que está no congresso, algumas coisas são muito confusas, tem clausulas ou itens da proposta do projeto de lei que pensaram visando só a parte de livros - e livros que estão fora de catálogo -, mas fica um texto que não dá a entender que é pra música também, cinema... Os representantes do ministério já estão rodando o Brasil tentando explicar e sempre ficam dúvidas.

Na última Bienal do livro, em São Paulo, essa questão do direito autoral foi muito discutida por causa do iPad, da desmaterialização do livro e vieram especialistas do mundo todo participar de seminários e debates. O inglês que, talvez, seja o maior especialista em direito autoral, demonstrou uma preocupação séria em relação a esse projeto brasileiro de reformulação; ele defende que da forma como está, o projeto elimina, digamos assim, o copyright, ou seja, o projeto meio que inviabiliza o direito autoral porque permite a cópia privada - se você não está copiando ou baixando pra compartilhar, vender ou comercializar, você tem o direito - isso inviabiliza qualquer tipo de indústria editorial. É a questão, mais uma vez, da sustentabilidade.

Por exemplo, se o ministro e os representantes do ministério - já vi declarações dizendo “O projeto tem como critério o ponto de vista o cidadão que precisa ter acesso à cultura, ao conhecimento.” É muito hipócrita porque antes de ter o direito universal de ter acesso ao conhecimento, todo ser humano tem direito a comida, moradia, educação... Então se um cara, retirante da seca, chega numa cidade grande e está com fome e com filho no colo, desempregado, ele tem o direito de entrar no super mercado e pegar a comida que quiser, porque antes do direito universal ao conhecimento, tem o direito à comida. Então, velho, isso é hipocrisia.

MR - Qual sua opinião sobre o caso da paulista, estudante de direito, Mayara Petruso que, revoltada com o resultado das eleições, sugeriu que afogassem os nordestinos o que levantou uma discussão muito grande sobre a questão do preconceito.

FZQ - Eu acho que a bichinha não tem nem muita culpa. A culpa é do Serra e do PiG (Partido da Imprensa Golpista); da campanha do Serra em conluio com os grandes veículos de mídia que nas últimas semanas não fizeram outra coisa, e continuam fazendo, que é disseminar um certo fanatismo, quase um fundamentalismo em torno da "liberdade de expressão". Ela deve ter pensado isso: "Se todas as OAB’s (Organização dos Advogados do Brasil), todas as Abert’s (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), todos os grandes veículos, todas as TV’s estão bombardeando que a gente é livre pra se expressar, então eu posso ser racista." Essa é a questão que está florescendo na sociedade de forma quase fundamentalista e fanática, a liberdade de expressão. Pô! A imprensa, por exemplo, da Bolívia chama Evo Morales de macaco e o governo está querendo botar uma lei anti racismo e está sendo bombardeado pela mídia. Como diria Mino Carta "É do conhecimento até dos postes e do reino mineral" de que não só liberdade de expressão, mas todas as liberdades esbarram no código penal e ela (Mayara Petruso)... coitada foi acreditar na OAB, na mídia... Perdeu o emprego e está, ainda, arriscada a ser presa.

MR - Você veio com a Mundo Livre S/A comemorar o aniversário de um ano do Baião Ilustrado, evento voltado para a galera que curte ilustras, charges, desenhos... Você também gosta desse tipo de arte?
FZQ - Eu cheguei a rabiscar umas charges para o jornal da faculdade e me lembro que a gente fazia um programa de rádio eu, Renato e algumas figuras. Se chamava “Décadas” e eu fazia a diagramação e a concepção visual tanto do panfleto como do cartaz - na época era com Xerox. Até um desenho que saiu no encarte do primeiro disco, “Samba Esquema Noise” que é o cavaquinho com pedaleira - era a pedaleira que eu usava e era toda artesanal - e no próprio encarte desse disco tem uma colagem de fotografia que é minha também.

Teve uma época na minha adolescência que eu não tinha me decidido ainda o que eu ia seguir; já tocava violão, já fazia música, mas minha mãe achava que eu ia ser arquiteto porque eu tinha mania de ficar desenhando coisa em casa, nos móveis barrocos que minha mãe gostava de comprar, aí eu fazia altas reproduções a mão livre, gostava de pintar aquarela... Até hoje não desisti de um dia fazer um curso nessa área de quadrinho porque acho muito bacana.

MR - E tem algum chargista que você admire ou tenha preferência?
FZQ - Millôr [Fernandes] pra mim é mestre. Tem um escritor dos romancistas americanos, foi até Xico Sá que outro dia, há um tempo atrás, fez um comentário: "Pô! Zero Quatro é o Kurt Vonnegut da música brasileira" aí eu: "Pô! Já ouvi falar desse cara" e comecei a ler. Velho, os romances do cara são realmente incríveis, parece que eu leio o cara desde o início porque é uma coincidência de estilo, das metáforas... e o mais legal é que num dos clássicos de Vonnegut ele escreve e desenha também; e o traço dele é bem tosco, bem ignorante e eu acho sensacional. Gosto também de Angeli, gosto pra caralho de alguns comics sensacionais como Watchman; Alan Moore, não tanto pelo desenho, mais pelo roteiro, narrativa... Realmente essa parte do traço, não é algo que eu tenha um estilo preferido, eu me amarro nessa combinação do traço com a ideia, o conceito.

MR - Você acredita que atualmente possam surgir movimentos musicais como jovem guarda, tropicalismo, bossa nova, o mangue beat, claro, entre outros?
FZQ - Com relação ao manguebeat - eu já fui questionado várias vezes sobre isso – uma diferença em relação à configuração da cadeia hoje, é o seguinte: As pessoas, parece que ficam mais compensadas - os artistas, compositores - quando sabem que você postou uma música lá no myspace e aquilo teve trezentos acessos da Indonésia, Tailândia, Índia... e não está nem aí se alguém ali do bairro vizinho acessou. É a coisa do não-território. O mangue foi uma coisa que o grande impacto e a grande repercussão que teve no ambiente da cidade foi justamente pelo próprio nome ter a ver com a geografia local, uma coisa que fincava o território e isso ajudou a ter uma resposta imediata e progressiva - a princípio na aldeia, depois na região, depois ganhou o mundo. Eu temo que hoje em dia essa noção de movimento, no sentido de mudar o lugar, fique um pouco relativizada demais com essa história do não-território que é a grande rede.

MR - O que você está achando da nova geração de bandas que tem o mangue beat como influência?
FZQ - É bacana você chegar, como a gente a última vez que tocou em Belo Horizonte, no FIT (Festival internacional de Teatro) e a banda que abriu pra gente - não estou lembrando o nome - é uma galera que tem idade pra ser meu filho e foi o maior aluguel no camarim antes do show porque os caras meio que se declararam como “a gente é a maior referência” e é uma galera que está num espaço legal em Belo Horizonte; é bacana saber disso.

Tem um lado que a gente não pode negar que foi uma conseqüência positiva da desconstrução do modelo da indústria fonográfica como era antes, por exemplo, o fim do jabá. Hoje no Brasil - tava confirmando isso até com companheiro de rádio de Fortaleza, empresário de rádio, inclusive - que jabá, hoje, só sobrevive em São Paulo onde ainda se concentram algumas redes nacionais e era uma coisa que imperava no Brasil inteiro. A morte do jabá pra 99% do território brasileiro foi uma coisa altamente positiva para que o ambiente da circulação da música ficasse mais democrático. A gente nunca tocou tanto em rádio no Brasil quanto ta tocando hoje porque nunca éramos a prioridade das gravadoras e as rádios no Brasil, todas eram bancadas pelo jabá. Muitos programadores e discotecários das rádios até gostariam de tocar o Mundo Livre, Eddie, Nação [Zumbi], Otto e outras bandas, mas não tinham espaço porque já estava tudo loteado pelo jabá das gravadoras.

Uma banda como o Mundo Livre que sobreviveu àquele lance das gravadoras não tem tanto problema. Tem o lado positivo dessa nova realidade, o lado negativo é que a gente não consegue mais lançar o disco como a gente lançava antes.

MR - São 26 anos de Mundo Livre S/A. Como está a banda em relação a público, amadurecimento, musicalidade?
FZQ - O legal dessa coisa de banda - tem um lado que é foda - que é um casamento de cinco pessoas ou seis, com todo o lado bacana e com todo estresse e desgaste que existe em qualquer relacionamento, e que eu confesso que se a gente não tivesse trocado e alterado a formação algumas vezes, não sei se a gente teria conseguido durar 26 anos. A formação agora é o Chef Tony na batera (o segundo mais antigo, está desde 86), acho que o terceiro mais antigo é o Júnior Areia no baixo, que está desde 2003 (7 anos já é um tempo), depois tem o Tom Rocha que já tem uns... Não! Tom Rocha acho que é mais antigo que Areia, agora me confundi (risos). Não lembro mais, acho que é mais ou menos na mesma época (Tom Rocha e Areia) e o mais recente é o Léo D que é o tecladista, está há um ano e pouco.

É legal que isso implica uma oxigenada no som da banda, é sempre um estilo diferente que entra, que soma e a gente sente que músicas antigas ganha um sotaque novo, uma textura nova e, por outro lado, acho que essa constatação do público renovando, duma galera nova como essa banda de BH, é sempre uma motivação, uma coisa de renovar o gás.

Acho que é importante, como o Mundo Livre fez parte de uma cena que deixou marcas, conseguir se afastar dessa tentação de se acomodar "Não, já deixei minha marca!" Isso é a pior coisa que pode acontecer pra um artista que conquista um espaço; de ficar uma coisa burocrática de só administrar um legado, isso é a morte. Então assim, a gente tem que estar sempre disposto a se reinventar sempre.

MR - Sobre o novo trabalho. O que ele traz de sonoridade?
FZQ - A gente, em termos de formato, tem um pé no “Bêbado Groove” (2005) - o EP mais independente que a gente lançou - e no “Por Pouco” (2000), principalmente as cinco primeiras músicas que a gente gravou com Dudu Marote lá em São Paulo. [O disco] tem um capricho que a gente nunca tinha conseguido atingir em termos de arte final da música, de como está soando bem e acho que o máximo que a gente chegou perto disso foi o “Por Pouco”, mas por outro lado, a gente adiciona algumas coisas que eu sempre quis usar e às vezes tinha limitação técnica; algum sabor dos anos 70, principalmente da era de pista, da era disco que foi muito forte na minha formação também e que eu nunca tinha assumido; só algumas coisas meio esporádicas que explora bem de leve isso, por exemplo, “Pastilhas Coloridas”, “Quem Tem Beat Tem Tudo” são algumas músicas, tanto do segundo disco, como do terceiro; mas nesse é quase como se fosse uma disco frevo, meio samba groove, meio frevoteca, mas também tem muito de uma evolução de uma variação nossa em termos de releitura da bossa nova, acho que a temática não difere muito. Essa coisa da fé e da religião ta bem presente porque a gente sempre gosta de reinterpretar temas urgentes que estão sendo discutidos.

MR - E quanto ao nome. Vai ser “Durar é viver” mesmo?
FZQ - Não. A gente já está numa outra fase (risos). Porra é foda porque esse nome foi escolhido há mais de um ano. Essa coisa que eu te falo do ritmo completamente diferente pra se conseguir finalizar um álbum. É um nome provisório - "Durar é viver” -, mas já tem um outro que eu acho que vai acabar se impondo mais, mas eu não quero adiantar agora, não.

MR - E tem previsão pra ser lançado?
FZQ - Eu espero que não passe de janeiro, mas pelo menos um single... uma ou duas músicas na internet, a gente pretende lançar até dezembro.

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