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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

STRIKE ANYWHERE

É fato que tem cearense em tudo que é lugar do planeta. Até especula-se a existência da conspiração cearense para dominar o mundo. Agora, imagina uma banda cearense em ação, utilizando a música que é considerada linguagem universal. Já dizia um cidadão instigado (por sinal também cearense) “o cabeção vai invadir o mundo”.


A cidade é Fortaleza, capital do Ceará e o ano era 2009 quando Guzz, Jb e Luciano que já ensaiavam juntos há um tempo e tocavam covers por diversão, começaram a compor. A primeira apresentação aconteceu na Mostra Petrúcio Maia com o nome Starlets. “Mas tínhamos que mudar de nome, porque já existiam umas cinco mil Starlets no mundo” conta Danny Husk, um dos mentores da #Fliperama, vocalista do The Casablancas (Strokes cover) e, agora, também da SWAN VESTAS, nome escolhido em referência a uma marca de fósforos, cujo slogan é “strike-anywhere matches”, algo como “fósforos que acendem em qualquer lugar”.

Então SWAN VESTAS é: Danny Husk nos vocais (ex-DaCapo, The Casablancas), Guzz Buzz na guitarra (ex-DaCapo), JB no baixo (ex-Bitten Blues, ex-Oitavada) e Luc na bateria fazendo um ROCK autoral, sem frescuras, como ele é. Afinal, com influências de Rolling Stones, Bowie, Iggy Pop, The Clash, AC/DC, Queens of the Stone Age... não podia ser diferente.

A primeira demo foi gravada ao vivo mostrando, em três faixas autorais, toda a energia da banda. Em agosto deste ano saiu a segunda demo com mais duas faixas autorais gravadas da mesma forma. Esses trabalhos somam o esquenta para a gravação do primeiro disco que deverá acontecer no primeiro semestre de 2011. Para Danny depois disso “é partir pra dominação mundial!”.

Aproveite www.myspace.com/swanvestasrock
Vocalista e compositor da Swan Vestas, Danny Husk concedeu a entrevista que segue abaixo por e-mail.

Como e por quem surgiu a ideia da formação da banda, o nome?
Guzz, Jb e Luciano já ensaiavam juntos há um tempo, no esquema de tocar covers por diversão. Quando eles começaram a compor, sentiram uma dificuldade na parte do vocal e melodias. Na verdade, eles não passavam da primeira e única música (ri) então resolveram me chamar pra cantar, porque eu e Guzz tocamos juntos na DaCapo, há uns anos atrás. E a coisa toda fluiu assustadoramente bem. Sabe quando tudo clica e funciona fácil? Pois é. Foi bem assim. Todos queríamos a mesma coisa: uma banda de rock, autoral, que pegasse as nossas influências e jogasse num caldeirão fervendo. Então, Rolling Stones, Bowie, Iggy Pop, The Clash, AC/DC, Queens of the Stone Age, tem um pouco de cada por lá. E mais uns outros tantos. O nome veio de uma busca longa e dolorosa. Nós nos apresentamos na Mostra Petrúcio Maia com o nome de Starlets. Foi o nosso primeiro show. Mas tínhamos que mudar de nome, porque já existiam umas cinco mil Starlets no mundo. Eu busquei Swan Vestas numa pesquisa aleatória. Uma marca de fósforos, cujo slogan é “strike-anywhere matches” (numa tradução próxima do literal, fósforos que acendem em qualquer lugar). Eu adorei a coisa do “strike-anywhere”, achei a cara da banda. E é um nome que não entrega logo o que é nosso som, coisa que eu acho bacana. A obviedade é um tanto chata.

Quais os projetos paralelos de cada integrante?
Acho que eu sou o único que tenho outros projetos na música. Eu sou vocalista do The Casablancas (Strokes cover) e sou um dos mentores da Fliperama, festa que já vai pra 21a. Edição. Guzz tocou comigo na DaCapo, e o JB já fez parte de várias outras bandas, como a Bitten Blues e Oitavada. O Luciano veio do Rio Grande do Sul, e todo mundo que vem de lá já traz o rock na alma.

Do que as músicas falam. Todas são em inglês? Se sim. Pretendem fazer algo em português?

A gente resolveu fazer as letras em inglês para poder trabalhar a melodia com mais fluência. A métrica do inglês cabe muito melhor. Mas não levanto bandeiras não. Nem a favor nem contra letra nessa língua ou aquela. Apenas pegamos o que funciona melhor pra nós. E, como toda boa banda de rock, 70% das nossas letras são sobre mulheres, 20% sobre farras e 10% sobre outros assuntos menos importantes. Não descarto a possibilidade de vir a compor em português no futuro, mas por enquanto, vou me manter no inglês mesmo.

Mas pretendem escrever algo voltado para críticas político-sociais?

Eu, quando escrevo as letras, não penso muito em assuntos político-sociais (os propriamente ditos, pelo menos) não. Como disse uma vez o Arnaldo Antunes, o que interessa mais pra ele, como pra mim, é a micro-política, a política de relações pessoais, aquela política diária. Os assuntos pessoais passeiam nas letras da banda, de certo modo, principalmente nas músicas mais novas. Agora, aquela coisa mais panfletária, como o Rage Against The Machine faz, por exemplo, acho que nunca vai fazer parte de uma composição minha. Prefiro falar de vida, rotina, tristezas e alegrias. É uma coisa que me afeta e atrai mais.

O que vocês acham do rock nacional atualmente?
A cena rock das grandes gravadoras, eu acho um lixo. Aliás, que cena rock? Fresno e NX Zero não são bandas de rock. Aquilo ali é um sertanejo com guitarras. A única banda assinada com gravadora que é realmente bacana é o Forgotten Boys. Agora, a cena independente são outros quinhentos. Black Drawing Chalks (que vem tocar no Ponto.Ce), Johnny Suxx, The Fucking Boys, Violins, Walverdes, Jupiter Maçã... principalmente o pessoal de dois Estados, Goiás e Rio Grande do Sul, que é onde o rock está fervendo!

O que esperar dessa cena? Existe alguma expectativa ou pretensão, por exemplo, de assinar com gravadora ou preferem continuar independentes?

A gente quer mesmo é dominar o mundo (ri), mas sabe, o rock nasceu assim, grande, pop (não no sentido pejorativo), iconoclasta. Então se surgir a chance de um belo contrato com uma gravadora que não tente cortar nossas asas, com certeza aceitaremos. Nossa ideia inicial é conseguirmos gravar um disco de força, que impressione quem acha que não existe rock por aqui. Para isso, a gente vai chamar o Dazul, guitarrista que era da SoulZé e agora está no Forgotten Boys pra produzir o disco. A intenção é fazer um disco de rock ardido, sem deixar nada a desejar nem pra qualquer banda nacional, nem pra qualquer banda americana ou inglesa.

Quais as dificuldades de inserção no mercado fonográfico?
Olha, estar fora do circuito forte das bandas de rock, que passa por Sudeste e Sul e chegou com força até Goiás é uma coisa que dificulta bastante. Estamos tentando trazer o público de volta aos shows de bandas autorais aqui de Fortaleza. Que é uma coisa que se perdeu totalmente, não sei se por culpa do público ou das bandas. Mas a verdade é que as bandas covers lotam as casas, e só tem isto acontecendo na cidade atualmente. E por outro lado, tem a internet, que tem o lado bom e o ruim. Enquanto temos um fã lá em São Paulo através do MySpace, fica difícil espalhar a banda com mais foco, porque é muita informação simultânea que chega pra todo mundo. E o mercado fonográfico atual tem pegado as coisas já prontas, bandas que já tem trabalho consolidado na internet e assinam com elas. Não tem mais aquela coisa de descobrir bandas legais e mostrar pro grande público. Pega pronto, com um dote de fãs alucinados, e pega carona. Então, cantando em Inglês, fazendo um rock forte e sujo, bem, acho que nossas chances são limitadas por aqui (ri) mas isto não nos impede de tentar, de modo algum.

Uma sugestão (fora vocês) de bandas atuais para ouvir:

Rock nacional: Forgotten Boys, Black Drawing Chalks, Violins, Bidê ou Balde, Macula, Vespas Mandarinas, Autoramas, Johnny Suxxx & The Fucking Boys.

Rock Internacional: Eagles of Death Metal, Supergrass, Queens of the Stone Age, Fu Manchu, Rolling Stones (porque nunca é tarde pra começar).

Planos da banda.

Gravar o primeiro disco no primeiro trimestre do próximo ano. Com a produção do Dionísio Dazul, guitarrista do Forgotten Boys, e gravação no MV Estúdio, do Moisés Veloso, que tem nos ajudado muito na pré-produção com as demos. E daí é partir pra dominação mundial!

Um comentário:

  1. Estar fora do eixo RJ-SP e não poder contar mais tanto com a Internet, como ferramenta eficaz de divulgação de novos trabalhos, pode ser uma "pedra no sapato" de novas bandas que desejam entrar no mercado musical. Mas isso, a meu ver, só faz sentido em parte. Vale mais para quem ainda tem muitos pontos a ajustar, para quem ainda precisa percorrer um bom caminho rumo ao amadurecimento. Swan Vestas já nasceu com a "dentição" completa, sabendo ler e escrever. Não é apenas mais um "Fluorescent Adolescent" arriscando o primeiro beijo. Portanto, não precisa insistir muito, fazer malabarismos, forçar paulatinamente a entrada para o mundo cão do Rock. O negócio é começar a fazer logo seus shows, mostrar a cara, ou melhor, o som. Pra quem conhece a banda, o resultado será um tanto óbvio, sem sustos. Até o próximo show!

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