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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BLUES ESPONTÂNEO

O segundo show do Oi Blues by Night, maior festival itinerante de Blues do nordeste, trouxe para a capital cearense, no Bar Cultural Acervo Imaginário, um dos maiores guitarristas e vocalistas da atualidade, o gaúcho Fernando Noronha & Black Soul.

A história dessa banda, conhecida por tocar um "electric blues" contemporâneo, iniciou em 1995, onde aconteceu o primeiro show. Dois anos depois, em 1997, foi lançado o primeiro álbum, Swamp Blues, que abriu portas para, em 1998, assinarem contrato com uma gravadora americana para o segundo CD de estúdio, Heartfull of Blues. Em 2011 a banda completa dez anos de turnês europeias desde o lançamento do terceiro disco, Blues From Hell.

Acompanhando a guitarra e a voz de Fernando Noronha a Black Soul começou como um trio passando por algumas formações até chegar a esta com: Ronie Martinez na bateria há mais de dez anos, Marcelo Mendes, o integrante mais recente, ocupou o lugar de Luciano Albo no baixo há três anos e Luciano Leães no piano há uns quatro anos; atuando também como produtor do sétimo álbum, Meet yourself, lançado em junho deste ano.

Este mais recente trabalho traz elementos do rock’n roll das bandas da década de 70. Nas palavras de Fernando Noronha: “São músicas autorais então eu to trazendo todas as influências, de maneira que eu estou me divertindo muito e eu posso passar isso para o público... que é uma coisa verdadeira.”

A banda abriu grandes shows como o de B.B King que elogia: “Eu me sinto extremamente feliz e orgulhoso quando vejo uma banda tão jovem tocando o blues tão bem.” Chuck Berry, Buddy Guy, Carlos Santana são outros nomes que contou com a divertida apresentação de Fernando Noronha & Black Soul que em sua essência, além dos já citados, também traz influências de Albert King, Jimi Hendrix, Steve Ray Vogam, Rory Galagher, Johnny Winter, Freddy King, entre outros.

Essa essência já foi levada pelo Brasil e lugares como: Alemanha, Argentina, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Espanha, Holanda, Itália, Noruega, Suíça e Polônia, sendo este um caso excepcional. “...eles realmente sabem fazer uma festa tchê (risos).”

De riso fácil, esse sulista de sotaque carregado parece ser um apaixonado pela vida, assim como é pela música que a move, o BLUES.

.:Entrevista

Quais as vertentes do blues que a gente pode encontrar no seu trabalho?

Nesse último disco a gente incluiu alguns elementos de rock’n roll das bandas que eu sempre ouvia desde os anos 70... as bandas preferidas. Eu to utilizando essas influências para enriquecer a nossa música, né? São músicas autorais então eu to trazendo todas as influências, de maneira que eu estou me divertindo muito e eu posso passar isso para o público... que é uma coisa verdadeira.

É uma nova fase?

É uma fase sem preconceitos. Eu to aberto a vários elementos, mas com muito cuidado, muito bom gosto e bom senso. Não reinventar a roda quadrada (risos).

Mas há quem diga que você está reinventando.

Eu to me alimentando só do blues. A gente está fazendo umas coisas mais de rock, mais psicodélicas, algumas baladas. O que vem pintando como inspiração a gente ta aceitando.

E porque você optou por uma sonoridade de mais peso, com mais influência do rock’n roll? É uma tendência do que se está sendo feito no blues atualmente?

Não. É uma questão bem pessoal. Me dá prazer fazer isso, me deixa com mais tesão de tocar e poder agregar todas as coisas que eu sempre gostei, do rock’n roll ao blues. Então assim, a gente ta criando uma identidade e uma sonoridade própria.

O Felipe Cazaux, que está abrindo teu show aqui em Fortaleza, está seguindo a mesma linha. O que você está achando do trabalho dele?

To adorando. Desde que eu cheguei aqui a sonzeira ta comendo. To louco pra tocar com ele depois, fazer uma Jam.

Como foi o processo de produção e gravação do “Meet Yourself”.

O disco foi gravado em novembro do ano passado em Porto Alegre, num dos estúdios mais tradicionais do Rio grande do sul. Teve a produção do Luciano Leães - nosso pianista - e foi lançado em junho deste ano, de modo que a gente começou os shows de lançamento pelo Brasil, no interior de São Paulo, depois fizemos capital, fomos à Brasília, no festival de blues do distrito federal que fazia parte das comemorações dos cinqüenta anos da cidade. Depois fomos ao Rio Grande do sul, lançamos em Porto Alegre e no interior, fizemos Santa Catarina, capital e interior e agora estamos aqui no nordeste divulgando trabalho.

Dos vários lugares, fora do Brasil, que você já passou qual lugar você sentiu que o blues é bem forte?

Falta os Estados Unidos, é um mercado que a gente ta lutando para entrar agora. Olha, como a galera do blues é uma galera apaixonada, em vários lugares você sente que a galera vai muito a fim de escutar, né? Mas na Polônia é um caso excepcional, que eles abriram a economia faz uns 20, 30 anos então, tudo é novidade pra eles. Eles querem muita festa e bebem muita vodka, então, eles realmente sabem fazer uma festa tchê (risos).

O Blues no Brasil.

Eu tive a oportunidade de conhecer várias bandas aqui no nordeste - agora nessa turnê - e to achando muito legal. Em Recife a gente conheceu a Big Joe que toca muito, ontem foi a banda nós, o Edu e os outros muito boa também, super criativa e, hoje, o Felipe [Cazaux] aqui, quebrando tudo. Então eu acho que a cena de norte a sul ta muito legal, tem várias bandas novas... Igor Prado é um grande nome, Fred Sun Walk de Ribeirão Preto também, um talento incrível. Então acho que a nova geração vai estar bem apta aí a representar o blues.

#oibluesbynightfortaleza


ouça em http://www.myspace.com/fernandonoronhablacksoul

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