.:Minha fama de mau, o livro
.:Rock’n roll, a música
Nesse álbum Erasmo já pode contar com a participação do baterista Gil Eduardo em “Noite perfeita”. Orgulhoso na entrevista, ele fala sobre os trabalhos do filho no blues, gênero pai do ROCK’N ROLL (uma troca feliz entre pai e filho).
Vendo muitas possibilidades com o advento da internet, o mestre demonstra preocupação com tudo tecnicamente perfeito, em suas palavras: “para que exista emoção, é preciso ter o erro também”.
.:A Entrevista
Erasmo Carlos – Eu sempre quis escrever o livro. Comecei nos anos 80, não deu certo, parei. Um dia eu perguntei para o Fernando Sabino: "Como é que a gente faz para escrever um livro?" e ele me deu um conselho maravilhoso, ele disse: "Erasmo, você quer escrever um livro? Comece.". Foi um grande conselho. Então um dia lembrei disso e comecei a escrever contos engraçados, casos, causos que acontecem comigo pelas estradas da vida, minha infância, meus amigos, os de música, minha família...fui escrevendo quando vi já tinha um monte de casos, aí separei os da infância, os da adolescência, os da jovem guarda, outras situações e aí quando a editora se interessou, eles propuseram fazer um fio condutor desses casos unindo, mais ou menos, como se contasse um pouco da minha trajetória. Agora, eu não assumo como biografia. Assumo como memórias e contos mesmo.
M.R – Conta uma das aventuras com o Tim Maia que você cita no livro?
E.C – A gente foi criado junto, desde moleque e jogar bola, aquela coisa toda. Entre os vários casos com ele, eu posso contar um que ele entregava marmita, os pais dele eram donos de uma pensão e minha família pedia comida na pensão dos pais dele. Um dia a comida não chegava, o padrinho da minha mãe querendo ir trabalhar e reclamando que a comida não chegava, que ia chegar atrasado...então, eu fiquei possesso, saí de casa percorri o trajeto ao contrário que ele percorria - o Tim, mas que não era Tim ainda, era Tião, Sebastião era o nome dele e o apelido dele na infância era Tião. Então lá fui eu atrás dele, quando cheguei de repente, ele tava jogando bola na praça com as marmitas, tudo assim, do lado, na grama e de vez em quando ele chegava lá abria uma marmita, tomava um caldinho, que devia ser o caldinho de feijão ou sopa, comia um pastel e voltava pra jogar bola, aí eu fui lá reclamar com ele que puxou um ferro pontudo e correu atrás de mim, então eu vim correndo entrei em casa, fechei o portão, gritando, chamei minha família que ligou para os pais dele, fizeram queixa, aí ele ficou de castigo lá, quase um mês.
M.R – Sobre a música cover, do álbum mais recente, que não poderia levar outro nome senão, Rock',n roll. Como foi fazer essa música?
E.C – Foi engraçado porque nas viagens por aí pelo mundo eu vejo covers em todos os lugares, Los Angeles é covardia, toda hora eu deparo com cover de Elvis em todo o mundo: mulher Elvis, anão Elvis, negro Elvis, japonês Elvis, já vi bebê Elvis. Aqui no Brasil, você vê Roberto Carlos toda hora, cover de Raul Seixas, Beatles tem um monte de banda, Michael Jackson...e eu nunca vi um cover meu. Um dia eu falei: poxa eu não tenho um cover, nunca vi um cover de Erasmo Carlos, nunca vi nenhum cover meu, aí como eu sou geminiano, sou gêmeos, eu digo então eu vou ser meu cover e fiz uma música, logicamente com muito humor, abordando esse tema.
M.R - Como foi fazer a parceria com seu filho Gil Eduardo na música “Noite perfeita”?
E.C – Ah, legal. De vez em quando a gente toca junto que ele é baterista, ele toca, fez parte do Blues etílicos, que é um grupo famosíssimo de blues, hoje em dia ele toca no conjunto Os imorais e está atacando na banda do Big Gilson. É tudo blues, né? Já participei do disco dele e chamei/convidei ele pra gravar comigo, é uma satisfação muito grande, sempre, gravar com um filho meu. Tenho outro filho também que é cantor de uma banda chamada Trilogia lá do Rio...
M.R – Como é que o mestre vê o rock brasileiro atualmente?
E.C – Olha eu vejo um monte de possibilidades com internet essa coisa toda, então é uma mistura muito grande, é uma confusão, e muita gente. Não dá nem pra gente chegar e ver, apontar um nem outro porque é precipitado, porque é tão perfeito tudo hoje, é tão tecnicamente perfeito que eu sinto falta da emoção. Pra que exista emoção, é preciso ter o erro também, o erro é que faz a emoção, uma coisa muito perfeita a gente não detecta emoção, sabe? E isso me assusta um pouco e aí retarda uma análise que eu possa fazer.
Abaixo segue vídeo editado com imagens do tremendão e o áudio da entrevista.
ouça em http://www.myspace.com/erasmocarlos
Ratis, sua entrevista ficou óteeeema!! Excelente texto. =) Muito bom ver pessoas que curtem rock'n'roll reconhecerem quem foram os pioneirosdo gênero no nosso País.
ResponderExcluirEsse show foi inesquecível, quer dizer, irado. Logo no começo, no intervalo entre uma música e outra, eu falei alto (gritei) É PRECISO DAR UM JEITO, MEU AMIGO!, em referência à música do disco Carlos, Erasmo. Ele ouviu e disse: "Amigo, eu não entendi bem o que você falou, mas deve ter sido um elogio. Então, muito obrigado, muito obrigado." Palmas eufóricas se seguiram depois da sua fala. É uma boa e curta história pra contar pros amigos né: o dia em que eu "conversei" com Erasmo Carlos.
ResponderExcluirBjs!
hahahaha me lembro disso. Foi um show fantástico, fiquei impressionada com as diversas gerações presentes, crianças, adultos, idosos... foi muito divertido :)
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